Estas campanhas de desinformação continuam
ainda hoje com toda a força embora a União Soviética já não exista e os jornais
da burguesia tenham dado o comunismo por morto milhares de vezes. Mas a verdade
é que o comunismo está bem vivo! O que se pretende com as campanhas contra a
União Soviética é combater as simpatías
comunistas existentes nas classes trabalhadoras do mundo em que vivemos
e defender as injustiças do capitalismo. Por esta mesma razão é importante dar
ao público a história do passado e as circunstâncias em que o Tratado de Não
Agressão Mútua foi assinado.
Europa em 1939
A situação da Europa de 1939 era dominada
por uma grande tensão política e militar, provocada pelos ataques militares e
as ocupações feitos pelos países fascistas durante este decénio. Em Outobro de
A traição à Checoslováquia
A próxima vítima dos nazistas alemães foi
a Checoslováquia. Em Maio de 1938 Hitler concentrou as tropas alemãs na
fronteira com a Checoslováquia e exigiu que fossem entregues à Alemanha todos
os territórios da Checoslováquia onde existia população de língua alemã. Nestes
territórios, os chamados Sudetas, estavam concentradas todas as defesas
militares checoslovacas contra intervenções vindas do ocidente, da Alemanha, e
a sua perda significaria deixar a passagem livre a uma invasão alemã. A União
Soviética, que tinha um pacto de ajuda mútua com a Checoslovaquia, mobilisou
nessa altura 40 divisões das suas tropas para defesa da Checoslováquia, para a
fronteira soviética com a Polónia e propôs à França para mobilisar as suas tropas para a fronteira com a Alemanha. A
França tinha uma aliança militar com a Checoslováquia e a defesa deste país
ficava assim perparada em duas frentes. Mas a França traiu o seu aliado. Em 29
de Setembro de 1938 em Munique, na Alemanha, foi assinado um tratado pela França,
Inglaterra, Alemanha e Itália que deu à Alemanha o direito de ocupar e anectar
os Sudetas. A ocupação foi feita passados alguns dias sem resistencia militar
da Checoslováquia, depois deste país ter recusado a ajuda militar da União
Soviética. (pouco depois e com a autorização de Hitler, a Polónia e a Ungria
onde a reação tinha o poder, ocuparam partes da Checoslovaquia no Teschen e na
Slovaquia.)
Qual “Paz no nosso tempo”?
Quando da sua chegada a Inglaterra, depois
da assinatura do tratado que entregava os Sudetas aos nazistas o
primeiro-ministro inglês Chamberlain proclamou a célebre ”Paz no nosso tempo”.
No aeroporto acenou às multidões à sua espera com um papel, uma declaração de
paz entre a Alemanha e a Inglaterra, assinado por ele mesmo e Hitler. Esta
”Paz”, era garantida para todo o futúro! Esta declaração de não agressão, um
tratado de não agreção entre a Alemanha e a Inglaterra, tinha sido porposta por
Chamberlain a Hitler e assinada no dia seguinte ao Tratado de Munique, em 30 de
Setembro de 1938, por Chamberlain e Hitler no apartamento de Hitler. A
declaração estipulava que ”os dois povos (alemão e inglês) nunca mais entrariam
em estado de guerra” e que ”todas as questões entre os dois países se
resolveriam através de conversações”. Pensa-se por vezes que o papel que
Chamberlain mostrou às multidões à sua espera foi o Tratado de Munique e que a
”Paz no nosso tempo” se referia a uma paz para toda a Europa. Assim não foi, o
papel era o tratado de não agressão entre a Inglaterra e a Alemanha, e a paz,
uma paz para a Inglaterra. Como de costume o Império Britânico reservava-se um
posição à parte, deixando os problemas para outros.
Não à politica soviética de segurança coletiva
A traição da França é também digna de se
notar. Embora a França tivesse uma aliança militar com a Checoslováquia para a
defesa mútua no caso de agressão alemã, o governo checoslovaco nunca foi
consultado sobre a divisão do país ou convidado a participar nas conversações
de Muníque. Na realidade o único que foi premitido aos representantes do
governo checoslovaco foi esperar pelos resultados fora dos locais das
conversações, onde mais tarde lhes foi entregue o documento com os resultados
da traição da França e da Inglaterra. A União Soviética, que também tinha um
tratado de ajuda militar com a França e era uma das grandes potencias militares
da Europa, não foi convidada a participar nas conversações de Munique. A razão
era de que a União Soviética queria uma politica de segurança colectiva para
todos os países da Europa e por várias vezes tinha propôsto uma frente
antifascista para pôr fim à politica de
guerra de Hitler. A proposta de uma frente antifascista era totalmente oposta à
política dos países ocidentais de colaboração com Hitler e Mussolini.
Tratado de não agressão entre a França e a Alemanha
Em Dezembro do mesmo ano de
França i Inglaterra contra a União Soviética
A guerra da Alemanha nazista contiuava
para oriente na direção da União Soviética. Já em 1925 Hitler tinha indicado no
seu livro Mein Kampf que a Alemanha debaixo do regime nazista teria como fim
destruir o comunismo e conquistar novas regiões para a Alemanha nos territórios
da União Soviética. Mas entre Hitler e a União Soviética estava a Polónia, um
estado com uma aliança de defesa com a França e a Inglaterra. O risco de um
grande conflito com várias potencias de grande poder militar envolvidas
tornou-se um facto. O facto é de que seria impossivel para os políticos
francêses e inglêses entregar a Polónia à Alemanha nazista como tinham feito
com a Checoslováquia. Depois da traição em Munique contra a Checoslovaquia, a
situação política interna nos países ocidentais tinha-se modificado
radicalmente, de tal maneira, de que no caso de se efectuar uma agreção alemã
contra a Polónia, os chefes politicos em França e Inglaterra seriam obrigados a
intervir para não ficarem totalmente desacreditados ante os seus povos. Por
outro lado, se os governanter na França e na Inglaterra pudessem transformar os
acontecimentos numa situação em que a União Soviética como única potencia fosse
obrigada a defender a Polónia e enfrentar a Alemanha nazista, os politicos do
ocidente poderiam evitar a crítica do povo dizendo que o conflito era um ajuste
de contas entre “dois países não democráticos”. Foi esta táctica que os
governos francês e inglês se dicidiram a empregar no seus desígnios de fazer a
Alemanha nazista atacar a União Soviética.
O Japão invade a Mongólia
Ao mesmo tempo que estes acontecimentos se
passavam no ocidente verificava-se uma situação muito grave na fronteira
oriental da União Soviética. Em 1931 o imperialismo japonês tinha invadido a
Manchuria e transformado esta região do norte da China numa colónia japonêsa,
da mesma maneira que a Koreia foi transformada em colónia em
Nova proposta soviética
Durante o decénio de
Este factor foi importante na situação
política da Europa ocidental. Em 25 de Julho de 1939 os governos francês e
inglês foram obrigados a aceitar um proposta soviética de conversações para uma
aliança militar entre os três países. Nesta altura o exército alemão já tinha
concentrado uma grande parte das suas tropas na fronteira polaca e o risco de
guerra crescia sem parar. Os coroneis polacos no governo respondiam a estes
preparativos de invasão dizendo que o exército polaco podia vencer qualquer
invasão, viesse ela do ocidente ou da União Soviética. A União Soviética nunca
tinha ameaçado a Polónia, sendo a declaração dos coroneis polacos para os
ouvidos nazistas. Os coroneis queriam mostrar de que lado estávam, esperando
assim que fosse possivel chegar a um acordo com Hitler.
Proposta alemã para acordo de não agressão
No dia 26 de Julho de 1939, o dia seguinte
à resposta positiva dos governos francês e inglês, o governo da União Soviética
foi contactado pelo governo alemão com uma proposta de conversações para
negociar um acordo entre os dois países. A União Soviética não deu resposta à
proposta alemã, sendo novas propostas enviadas à União Soviética nas semanas
seguintes, com termos sempre mais favoráveis à União Soviética. Entre outras
coisas a Alemanha considerava agora que os estados bálticos eram parte da
esfera de influencia da União Soviética e que as tropas alemãs não seriam
estacionadas nesses países. Isto referia ao facto de que a Alemanha tinha ocupado
a cidade porto de Klaipeda (Memel) na Lituania, o que a União Soviética
considerava como uma ameaça para a sua segurança.
18 dias para chegar a Moscovo!
As negociações entre a União Soviética, a
França e a Inglaterra iniciaram-se finalmente em 12 de Agosto de 1939, no mesmo
dia que as delegações francêsa e inglêsa chegaram a Moscovo. É interessante
observar que numa situação internacional em que o perigo da explosão de uma
grande guerra na Europa aumentava todos os dias, as delegações francêsa e inglêsa
levaram 18 dias a chegar a Moscovo! Não há dúvida de que este atraso foi uma
parte da táctica das potencias ocidentais para empatar as negociações e
provocar uma situação em que a União Soviética sózinha seria obrigada a
enfrentar uma guerra com a Alemanha nazista. No tom ameaçador de Hitler para
com a Polónia, podia-se fácilmente compreender que a invasão estava para breve.
O único que teria podido pôr fim aos planos conquistadores de Hitler era uma
aliança imediata da União Soviética, França e Inglaterra, seguida de grande
concentração de tropas desses países nas fronteiras da Alemanha. Mas a França e
a Inglaterra não tinham pressa.
Sem poderes para negociar!
Quando as negociações das três potencias
se iniciaram em Moscovo no dia sábado 12 de Agosto de 1939, verificou-se que as
delegações francêsa e inglêsa eram chefiadas por diplomatas de categoria
inferior (o general francês Doumenc e o ajudante do rei inglês, o almirante
Drax) que não tinham recebido dos seus governos os poderes necessários para negociar
e assinar um aliança militar ou qualquer outros pactos com a União Soviética!
Isto causou grande admiração e transtorno entre os componentes da delegação
soviética. Qual era na realidade o intenção da ida a Moscovo de delegações sem
poderes para negociar e assinar uma aliança militar? A delegação soviética, que
era chefiada pelo marchal Vorochilov, o comissário do povo para a defesa, tinha
recebido do governo soviético plenos poderes para negociar e assinar a aliança
militar com a Inglaterra e a França. Veio a verificar-se que a missão das
delegações inglêsa e francêsa era de discutir uma aliança militar com a União
Soviética “sómente como uma hipótese”.
Mais uma vez se provava que as delegações tinham sido enviadas a Moscovo
para empatar as conversações, mais uma jogada dos países ocidentais para fazer
com que Hitler atacasse a União Soviética, estando este país só e isolado.
Seguindo uma proposta soviética, os delegados das delegações estrangeiras
enviaram telegramas aos seus países pedindo aos seus governos os poderes
necessários para a negociação e concluio de uma aliança militar. A resposta a
este pedido, nestes dias dramáticos em que os exércitos de Hitler se
concentravam nas fronteiras da Polónia e a paz mundial estava ameaçada, demorou
três dias! Quando a resposta chegou, no dia 15 de Agosto, verificou-se que as
delegações fransêsa e inglêsa não tinham recebido os poderes necessários dos
seus governos.
Proposta soviética nunca respondida
Entretanto e apesar de tudo as
conversações continuaram. A delegação soviética tentava fazer vêr aos governos
dos países ocidentais que a situação na Europa tomara um carácter muito sério e
que uma aliança militar entre as três potencias seria positiva para todos. Para
demonstrar que assim era, a União Soviética apresentou nas conversações que se
seguiram, porpóstas concretas dos efetivos militares que punha ao dispôr da
aliança militar com a França e a Inglaterra se a Alemanha nazista iniciasse
outra guerra na Europa. Isto significava que a União Soviética punha na defesa
colectiva da Polónia, 136 divisões, 5000 canhões pesados, 9000 tanques e 5000
aviões de combate. Além disso a União Soviética também apresentou um plano de
guerra para a união das três potencias contra a Alemanha nazista. A delegação
soviética pediu também aos representantes da França e da Inglaterra que
apresentassem propostas sobre os seus efetivos militares a tomar parte na luta,
uma questão nunca respondida. Os soviéticos queriam também que as delegações
ocidentais tomassem contacto com os seus aliados, a Polónia e a Roménia, para
estes darem livre passagem às tropas soviéticas que iriam de encontro ao
exército invasor alemão.
Conversações com o governo alemão
As delegações ocidentais não mostraram
nenhum interesse pelas propostas soviéticas. Também não apresentaram nenhumas
propostas concretas, só se dedicando nas conversações a discussões sobre
detalhes sem importância para uma aliança, como por exemplo o numero de
efetivos alemães e a sua colocação actual. Um tempo precioso para a União Soviética
estava a passar. Durante estes dias dramáticos o exército invasor alemão
formava-se para ataque nas fronteiras da Polónia. A guerra era quase inivitável
e a estrada dos alemães para invadir a União Soviética estaria aberta
Fim das conversações
No dia 22 de Agosto de 1939 as
conversações em Moscovo entre as três potencias, Inglaterra, França e União
Soviética chegaram a um fim definitivo. O chefe da delegação francêsa, o general
Doumenc, tinha por então obtido poderes para assinar uma aliança militar com a
União Soviética, documento que entregou ao marchal Vorochilov. O interesse
repentino da França pelas negociações (e a proposta renovada pela Alemanha de
um tratado de não agressão…) terá talvez a sua origem no facto de que nesta
altura o exército imperial japonês invasor da Mongólia, estava a ser totalment
aniquilado pelos exércitos da União Soviética e da Mongólia. Entretanto, no
acto da entrega dos seus novos poderes ao marchal Vorochilov, o general Doumenc
foi obrigado a reconhecer que a delegção inglêsa não tinha obtido plenos
poderes do seu governo e que a sua participação na aliança militar não se iria
verificar. Além disso as potencias ocidentais não tinham obtido dos seus
aliados polacos e roménios a autorização para as tropas soviéticas passarem por
esses países para ir de encontro ao invasor alemão. Esta questão tinha uma
importancia fundamental. A nova posição da França era positiva mas sem a
Inglaterra a aliança não tinha grande valor. No ano anterior a França, numa
situação identica, tinha traído a Checoslováquia. A questão da Polónia e da
Roménia era também importante. A Polónia ameaçava a União Soviética com guerra
se o exército soviético entrasse na Polónia para ajudar a defender o país
contra a invasão alemã! Estava visto que a Polónia nesta altura já não tinha
salvação. As negociações de Moscovo acabaram sem que as delegações estrangeiras
mostrassem vontade de resolver os problemas que se punham. O desinteresse
desses países para formar um poder conjunto contra os planos de guerra alemães
atirou o mundo para uma catástrofe terrivel.
Inglaterra preparava traição
No que respeita à falta de plenos poderes
da delegação inglêsa e ao total desinteresse mostrado nas conversações de
Moscovo existe hoje uma explicação conhecida. A meio de Agosto de 1939 o
governo soviético tinha suspeitas de que o governo inglês estava a preparar um
acordo de paz com a Alemanha apesar da ameaça existente contra a Polónia. Nova
investigação histórica feita pelo escritor inglês L. Mosley veio a mostrar que
as suspeitas soviéticas eram correctas. Segundo Mosley, se a União Soviética
não tivesse tomado a iniciativa em 22 de Agosto, Herman Göring, o braço direito
de Hitler, teria viajado de avião a Inglaterra em 23 de Agosto para as
negociações finais do tratado de paz com o primeiro ministro inglês
Chamberlain. Por isto mesmo a delegação inglêsa fazia das conversações de
Moscovo uma discução interminável de detalhes sem importancia. O que o governo
inglês queria e estava a planear era uma aliança de todas as potencias
imperialistas europeias contra a União Soviética. Declarações feitas pelo
embaixador dos Estados Unidos da América em Londres, J. Kennedy, de que os
Estados Unidos “devem ter as mãos livres em questões económicas no Leste e no
Sueste”, indica que os Estados Unidos estavam a par da conspiração inglêsa
contra a União Soviética e das conversações entre a Inglaterra e a Alemanha. A
politica soviética para as potencias imperialistas destruiu totalmente os
planos da Inglaterra.
Tratado de não agressão com a Alemanha
No dia 20 de Agosto chegou ao governo
soviético uma nova proposta da Alemanha para a assinatura de um tratado de não
agressão. No dia 22 de Agosto, depois das conversações com o chefe da delegação
francêsa que punham em evidencia que uma aliança militar da União Soviética,
França e Inglaterra nunca se realisaria, o governo soviético dicidiu aceitar a
proposta alemã. No dia seguinte, em 23 de Agosto de 1939, o ministro alemão dos
negócios estranjeiros Ribbentrop, chegou a Moscovo de avião e assinou o tratado
de não agressão mútua com o ministro dos negócios estrajeiros soviético
Molotov. A imprença borguesa ainda hoje afirma que União Soviética foi o único
país a assinar um tratado com a Alemanha nazista. Isto é totalmente falso! Em
1933, pouco depois de Hitler ter tomado o poder, a França e a Inglaterra
proposeram e assinaram um tratado de “compreensão e colaboração” com a Itália
fascista e a Alemanha nazista. A Polónia, um aliado da Inglaterra, assinou um
tratado de não agressão com a Alemanha nazista em 1934, sendo para isso
aconcelhada pela Inglaterra. Em
Zona de segurança militar
O tratado de não agressão
soviético-alemão, para além de declarar que estes países não entrariam em
guerra, establecia também as relações entre os países no que diz respeito a
outras questões relacionadas com aspectos militares entre a União Soviética e a
Alemanha. Essas questões na imprença borguesa são geralmente chamadas de “anexo
secreto”. O nome “secreto” dado pela imprença borguesa é para causar suspeita.
Na realidade a maior parte do texto de tratados internacionais entre países, em
especial em tempo de guerra, é sempre secreto. No chamado “anexo secreto”
estableceu-se um linha de demarcação entre a Alemanha e a União Soviética que
indicava as zonas de segurança militar a respeitar pelos dois países. A linha
de demarcação passava pelos rios Narew, Wistula e San na Polónia. Além disso
estableceu-se também que a Alemanha não teria influencia militar sobre a
Finlândia, a Letónia e a Estónia. Esta parte do tratado de não agressão
levantava uma barreira através da Europa Central que segundo Churchill em 1 de
Outobro de 1939, era “absolutamente necessário para a segurança da Rússia em
relação à ameaça nazista. A linha existe e faz uma frente no oriente que os
nazistas não ousam atacar”.
A Linha Curzon
O interesse da União Soviética sobre as
regiões da Polónia a oriente da linha de segurança referida, vem dos acôrdos de
Versailles depois da primeira guerra mundial. Nesta altura o estado da Polónia
não existia. A Polónia tinha deixado de existir em 1795 quando o que restava do
país depois de duas anexações feitas anteriormente pelos países vizinhos, foi
finalmente dividido pela Prússia, Áustria e Rússia. O último monarca da
Polónia, Stanislav II foi então obrigado a abdicar. 113 anos mais tarde, nos
acôrdos de Versailles em 1918, os países reunidos decidiram-se por dar um novo
estado ao povo polaco, construir uma nova Polónia. Esta decisão levantava
problemas no que diz respeito à questão das fronteiras, especialmente a
oriente, onde durante os séculos passados, a fronteira tinha sido mudada
segundo o poder militar dos países da região em determinado momento histórico.
Nos acordos de Versailles foi por isso dada a missão ao ministro dos negócios
estrangeiros inglês general Curzon, de establecer a linha da fronteira da nova
Polónia a oriente. O general Curzon propôs uma linha de fronteira que
respeitava a divisão linguística, a lingua polaca de um lado e as linguas
ucraina e bielorussa (russa branca) do outro lado.
A Linha Curzon
Esta linha fronteiriça, chamada Linha
Curzon, foi aceite por todas as potencias presentes nos acôrdos de Versailles
com excepção da nova Polónia. O novo chefe polaco Pilsudski exigia maiores
concessões territoriais a oriente e para esse efeito iniciou uma guerra para
fazer conquistas territoriais à Rússia Soviética. O novo país soviético
encontrava-se numa situação muito fraca a seguir à primeira guerra mundial e
sem possibilidades de levantar uma defesa efectiva. Com armas e dinheiro
francês e o apoio de oficiais de diversos países europeus, Pilsudski entrou na
Ucraina e na Bielorússia (Rússia Branca) e depois de uma guerra termenda, conquistou
grandes territórios a esses países. A Rússia Soviética foi obrigada a aceitar
uma fronteira que estava muito para oriente da Linha Curzon, centenas de
quilómetros dentro das zonas linguísticas ucraina e bielorússa. Esta questão
histórica viria a desempenhar um papel muito especial na situação existente em
1939.
A “guerra ridícula” da França e Inglaterra
Na última semana de Agosto de
A Alemanha invade a Polónia
Na invasão da Polónia o exército alemão
ganhou rápidamente uma série de batalhas decisivas. Em 3 de Setembro os alemães
estavam já no rio Vistula, a 9 de Setembro em Varsóvia e a 11 de Setembro nas
margens do rio San. O exército polaco foi forçado a retirar em toda a linha. A
Polónia estava derrotada. Na parte oriental do país não ocupada pelos alemães,
deixou de haver poder político e militar. Uma semana mais tarde a União
Soviética entrou na Polónia, nas regiões da Ucrânia e da Bielorússia que a
Polónia tinha anexado em 1920, parando na Linha Curzon, a fronteira entre a
Polónia e a União Soviética aceite em Versailles em 1918. É importante observar
que o exército soviético ocupou sómente as regiões a oriente da Linha Curzon e
não toda a zona referida como zona de segurança militar soviética no anexo ao
tratado de não agressão com a Alemanha. A União Soviética impediu desta maneira
à Alemanha de conquistar as regiões da Polónia que a Polónia anteriorment tinha
roubado à Rússia Soviética.
21 mêses de paz para preparar a defesa
O Tratado de Não Agressão, ou pacto Molotov-Ribbentrop
como a imprensa borguesa chama ao documento, foi um passo necessário na
política de paz da União Soviética. O Tratado de Não Agressão Soviético-Alemão
destruiu a frente imperialista que a Inglaterra estava a formar contra a União
Soviética e obrigou a França e a Inglaterra a entrar na luta anti-fascista. O
Tratado de Não Agressão deu 21 mêses de paz à União Soviética, um tempo muito
necessário para os soviéticos prepararem a defesa perante a invasão nazista.
Durante esses mêses de trabalho duro, a produção industrial total da União
Soviética aumentou em 13% por ano, tendo a industria de defesa aumentado em 39%
por ano! Do príncipio de 1940 até à invasão nazista em Junho de 1941 o valôr
total das reservas materiais do estado soviético aumentou de 4 biliões de
rublos para 7,6 biliões de rublos e o exército transformou-se num exército
moderno mecanisado com 5 milhões de homens
Mário Sousa, 26/8/1999
mário.sousa@telia.com