210611 Para os amigos de lingua portuguesa:

Uma vez mais sobre a aterragem de emergência do avião da Ryanair em Minsk!

O QUE DIZ A BIELORRÚSSIA?

A aterragem de emergência do avião da Ryanair em Minsk, no domingo, 23 de maio, foi a grande noticia nos jornais, rádio e televisão há algumas semanas. Os governos ocidentais e os meios de comunicação agiram imediatamente, acusando o Presidente bielorrusso Lukashenko e o governo bielorrusso de forçarem o avião a aterrar para capturar Roman Protasevich, oposicionista que vive na Polónia, a quem o ocidente chama jornalista. No entanto, os factos apresentados pelo Governo da Bielorrússia mostram que a narrativa ocidental não é coerente e que a aterragem de emergência em Minsk foi decidida pela tripulação do avião.

O que diz a Bielorrússia?

No domingo, 23 de maio, um avião da Ryanair que fazia a rota de Atenas para Vilnius, na Lituânia, fez uma aterragem de emergência no Aeroporto Nacional de Minsk na Bielorrússia. De acordo com as autoridades bielorrussas, uma ameaça de bomba contra o avião da Ryanair tinha sido recebida pelo controlo de tráfego aéreo da Bielorrússia, e também pela Polónia e pela Lituânia, pouco depois de o avião ter entrado no espaço aéreo bielorrusso. A ameaça de bomba teria sido feita pela organização palestiniana Hamas, que ameaçou fazer explodir o avião sobre Vilnius se as suas exigências a Israel para que retirasse a ofensiva contra Gaza e à UE para renunciar à ajuda a Israel, não fossem realizadas.

As autoridades aeronáuticas bielorrussas informaram a tripulação do avião da Ryanair que se encontrava no espaço aéreo bielorrusso sobre a ameaça de bomba, recomendaram uma aterragem de emergência, ofereceram um aeroporto de aterragem alternativo em Minsk e esperaram pela resposta dos pilotos.

Tudo isto de acordo com a prática internacional da OACI, a Organização da Aviação Civil Internacional.

Durante 15 minutos, os pilotos discutiram a alegada ameaça, mesmo com a gestão da Ryanair na Irlanda. Após 15 minutos, o controlo aéreo bielorrusso recebeu um pedido dos pilotos do avião da Ryanair para autorizar a aterrar na Bielorrússia. O Aeroporto de Vilnius, Lituana, estava a 70 km de distância e o Aeroporto de Minsk quase duas vezes e meia mais longe. O chefe da tripulação, um piloto cidadão lituano, decidiu, no entanto, aterrar em Minsk. Porquê? Talvez porque as infraestruturas em Minsk são melhores, talvez porque o aeroporto de Minsk está longe da cidade e em Vilnius no meio da cidade. O piloto lituano conhece a sua cidade.

Foi isto que se passou?

Todos os factos desta narrativa das autoridades bielorrussas podem ser facilmente verificados, os contactos de rádio de aviões em todo o mundo estão disponíveis para todo o controlo do tráfego aéreo e são sempre registados por todos os países envolvidos. Depois de obter autorização da Bielorrússia, o avião da Ryanair deu a volta para uma aterragem de emergência no Aeroporto Nacional de Minsk, de facto com o conhecimento direto do Presidente do país, Lukashenko.

Ainda de acordo com as autoridades bielorrussas, um caça Mig-28 da força aérea bielorrussa descolou para escoltar o avião da Ryanair para o aeroporto de Minsk, dois minutos depois da decisão dos pilotos para fazer uma aterragem de emergência, na sequência de práticas internacionais em caso de ameaças de bombas e sequestro de aviões.

Este é o ponto crucial das acusações do Ocidente contra a Bielorrússia sobre o suposto sequestro do avião da Ryanair.

Os governos ocidentais acusam a Bielorrússia de enviar o Mig-28 para forçar o avião da Ryanair a descer para Minsk. As autoridades bielorrussas contestam as acusações do Ocidente e afirmam que o Mig-28 descolou depois de a tripulação do avião da Ryanair ter decidido aterrar em Minsk.

Esta história pode ser facilmente controlável no Ocidente, dado os seus satélites espiões, radares e centros de escutas que chegam a todo o mundo.

Mas nunca foram realizados nenhuns controlos.

Dez minutos depois do avião da Ryanair ter aterrado em Minsk, na sequência de um Tweet da Embaixada dos EUA, todos os governos da UE e dos EUA já acusavam a Bielorrússia de ter sequestrado um avião. Sem qualquer fundamento formou-se uma onda histérica de acusações contra a Bielorrússia com pedidos de sanções, isolamento e encerramento do espaço aéreo.

Temos de concordar com as declarações do Ministro dos Negócios Estrangeiros bielorrusso, Vladimir Makei:

"Não agiram como especialistas, mas sim como tios e tias políticos do Ocidente, que têm alavancas de poder, literalmente dentro de 10-15 minutos após receberem informações sobre o incidente com o avião, já começaram a fazer declarações políticas relevantes. Claro, com acusações contra a Bielorrússia. Isto só pode ser preocupante. Encaramos isto como uma provocação planeada, uma ação coordenada. Claro que vamos responder."

Tendo em conta o que sabemos da Ministra dos Negócios Estrangeiros da Suécia, Ann Linde, sempre disposta a servir o imperialismo, temos de dar razão a Vladimir Makei, tudo indica uma provocação planeada.

As principais preocupações da UE e dos EUA em relação à alegada sequestro de avião revela-se ser um dos passageiros. Depois de aterrarem, todos os passageiros deixaram a avião e passaram pelo controlo aduaneiro até à sala de trânsito. Ao mesmo tempo, todas as bagagens e a aeronave foram examinadas por técnicos de bombas. Então algo aconteceu que se tornou a grande notícia internacional. Um dos passageiros era Roman Protasevich, um dos fundadores do canal de oposição Telegram Nexta na Polónia. Protasevich é procurado na Bielorrússia, acusado de ser um dos principais organizadores que, da Polónia, conduziu manifestações e ataques contra a polícia na Bielorrússia, apelando a motins e violência em massa, bem como a falsificação de notícias e a desinformação para derrubar o governo eleito. Roman Protasevich tem formação na extrema-direita, desde associações de jovens pró-fascistas na Bielorrússia até mercenários durante o golpe de Estado de 2014 na Ucrânia e depois no Batalhão Nazi Azov na luta contra Donbass. Protasevich foi organisado pelos Estados Unidos, onde esteve num curso no Departamento de Estado. Esta informação vem do próprio Protasevich, do seu facebook e das suas outras páginas na internet.

Quando Roman Protasevich passou pelo controlo de passaportes, a polícia do aeroporto soube quem era. Mas, ao mesmo tempo, algo estranho aconteceu.

Uma foto de Roman Protasevich no aeroporto de Minsk apareceu num dos canais telegramas da oposição bielorrussa na Polónia dirigido pelo oposicionista Anton Motolko! A foto foi tirada pela namorada de Protasevich, Sofia Sapega, uma cidadã russa, que acompanhou Roman Protasevich na viagem de férias à Grécia, que trabalha para o canal bielorrusso Belsat. Sofia Sapega enviou a fotografia a Anton Motolko e Motolko publicou-a no seu canal telegrama. Porque? Se Roman Protasevich não tivesse sido revelado antes, a fotografia mostrou à polícia quem era. Alguém no Ocidente parecia querer ter a certeza que Roman Protasevich tomaria lugar atrás das grades. E assim foi, Protasevich foi capturado. Um provocador nazi sacrificado para uma provocação quando o Ocidente já não precisa dele?

Nos meios de comunicação do Ocidente, houve um protesto histérico. O Presidente bielorrusso Lukashenko é acusado de sequestrar o avião, forçando-o a aterrar com um jato de combate para capturar o "jornalista", um líder da oposição Roman Protasevich. O Protasevich Nazi foi transformado em jornalista. As histórias nos media competem entre si para serem as piores contra Lukashenko.

Mas é como escrevem na Bielorrússia,

"As notícias no Ocidente não incluem entrevistas com pilotos, declarações de autoridades competentes que investigam a situação, transcrições de mensagens gravadas. Mas há muitas declarações sobre sanções e sobre o boicote ao espaço aéreo bielorrusso. Em vez disso, o lado bielorrusso deu imediatamente toda a informação aos meios de comunicação social e à OACI e manifestou a sua disponibilidade para cooperar com todas as comissões para investigar a situação. O Ocidente já anunciou a sua verdade nas manchetes online sem esperar que a Organização da Aviação Civil Internacional conclua a investigação."

Na verdade é assim que as informações são. Aqui na Suécia, os meios de comunicação mobilizaram tudo para nos fazer acreditar na história do sequestro do avião da Ryanair para apanhar um jornalista. Ninguém quer saber dos factos, ninguém quer esperar pela investigação da organização da ONU. Estão a surgir acusações contra a Bielorrússia sobre o sequestro do avião, enquanto a oposição bielorrussa é apresentada como pacífica e sem culpa. No programa de rádio P1, por exemplo, o produtor Dmitri Plax faz publicidade à oposição bielorrussa. Plax, que é bielorrusso, poeta, claro, e pertence à oposição, diz-nos sobre a oposição pacífica bielorrussa, que nem uma montra de lojas foi destruída durante as manifestações da oposição. Mas Plax não diz nada sobre os ataques da oposição com bastões e bombas de gasolina à policia de guarda aos edifícios governamentais. Estes ataques foram vistos no canal telegrama Nextra de Roman Protasevich quando ele instou os jovens a atacar a polícia. Desonesto por Dmitri Plax.

Em todo o mundo ocidental, a campanha contra a Bielorrússia, o país que rejeitou o neoliberalismo, o país onde, apesar de capitalismo, os trabalhadores têm direitos seguros e um nível de vida decente, com cuidados de saúde e educação grátis, rendas de casa baixas, taxa de desemprego baixa, cultura para todos e um dos índices de pobreza mais baixos do mundo, segundo o Banco Mundial, na verdade, inferior à Suécia.

Tais coisas não devem existir no mundo neoliberal. Os neoliberais da oposição querem a privatização das empresas estatais que agora dão à Bielorrússia rendimentos e uma boa vida à população. É disso que se trata a luta contra a Bielorrússia e o presidente Lukashenko.

A histeria sobre o sequestro do avião é apenas um jogo para a populaça. Se Lukashenko quisesse apanhar um do topo da oposição com um sequestro de avião, podia ter forçado o avião da Ryanair de Svetlana Tikhanovskaya a aterrar. Ela também esteve na Grécia de férias umas semanas antes e voou no mesmo trajeto que o avião de Roman Protasevich. E também é procurada na Bielorrússia por participar em compras de armas para um golpe de Estado para derrubar o governo eleito.

Mário Sousa

 

 

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